segunda-feira, 24 de março de 2014

Página no Facebook

Ao longo dos últimos dias, resultante da divulgação do blog, recebi diversos contactos com pedidos de informação. Deste modo, para facilitar a comunicação entre nós, visando uma resposta mais rápida e adequada, criei uma página no facebook.


Sintam-se confortáveis para entrar em contacto. Continuarei a procurar ajudar-vos, dentro do que está ao meu alcance.
Força ;)

terça-feira, 11 de março de 2014

O Visto de Turismo



Tomada a decisão acerca do visto que irá escolher, cabe-lhe agora analisar os documentos necessários à obtenção do mesmo. Aqui inicia-se um novo desafio e as questões saltam como pipocas: Onde me tenho de dirigir? Quais os custos? Quanto tempo demora? Porque é que me meto nestas aventuras?! (esta ocorrerá mais frequentemente, felizmente conseguimos responder-lhe). Assim, irei debruçar-me na minha experiência pessoal, quando iniciei o processo relativo ao Visto de Turismo. Não obstante, a maioria dos documentos solicitados são transversais a todos os vistos, pelo que mesmo que este não seja o seu visto, poderá aproveitar grande parte da informação.

De seguida irei anunciar a documentação que deverá reunir para iniciar o processo do Visto de Turismo, à qual decidi acrescentar algumas dicas/informações úteis de que fui tendo conhecimento ao longo desta aventura. Posto isto, deverão constar no ato de entrega:
  • Formulário e ficha devidamente preenchidos, com letra de imprensa ou dactilografados com tinta preta e assinados pelo requerente, sem rasuras ou emendas;
                  - Este formulário tem o custo de 1 euro e poderá ser comprado no Consulado. Em alternativa (pessoalmente prefiro esta por ser um bocado tio patinhas), poderá imprimir o formulário a partir do site do Consulado (abra o pdf do Visto Ordinário, no final deste documento encontrará o formulário); sugiro que o imprima várias vezes, para a eventualidade - muito provável - de se enganar. A ficha, por sua vez, também custa 1 euro, e terá mesmo de ser comprada no local.
  • Original e fotocópia do Certificado Internacional de Vacinas;
                 - Existem vários hospitais/centros de saúde que prestam este serviço, para conhecer a lista deverá consultar o portal da saúde, na área respeitante à consulta do viajante ( http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/informacoes+uteis/saude+em+viagem/consulta+de+saude+do+viajante.htm). No entanto, alguns deles, como o Hospital Santa Maria, apenas aceitam marcar a consulta poucas semanas antes da data de viagem (pedem a reserva do voo para confirmarem), uma vez que a maioria dos países não exige o Certificado Internacional de Vacinas na entrega de documentação para obtenção do visto. Deste modo, aconselho o Centro de Saúde de Sete Rios. Caso disponha de pouco tempo, a alternativa será obter, a partir de amigos/conhecidos/familiares, a informação que habitualmente é transmitida na Consulta do Viajante e passar diretamente para a fase de Vacinação (ver também subponto seguinte), dado que a consulta não é obrigatória. Destaco novamente o Centro de Saúde de Sete Rios, por não exigir marcação prévia, ou seja, funciona por ordem de chegada; naturalmente deverá ir cedo, pois a afluência é significativa. Além disso, as enfermeiras são extremamente simpáticas e eficazes (em menos de 1 minuto levei 3 vacinas!). O horário de atendimento é das 9h às 12:30h e das 13h às 15:30h, todos os dias úteis.
                - Para a realização da vacinação internacional deverá levar a prescrição médica das vacinas a efetuar. Caso não passe pela consulta do viajante, poderá obter a prescrição com o seu médico de família/médico do centro de saúde da sua área de residência. Atualmente a única vacina obrigatória é a vacina da febre-amarela, contudo, aconselho seriamente que seja também vacinado(a) para a febre tifoide e para a hepatite A. Se assim o decidir, após obter a prescrição das 3 vacinas deverá dirigir-se à farmácia e comprar - no próprio dia, para evitar as complicações da sua conservação - a vacina da Hepatite A (custa 17,03 euros, salvo erro); as restantes ser-lhe-ão fornecidas e administradas no local, cada uma com o custo de 20 euros. Deverá ainda fazer-se acompanhar pelo seu Boletim de Vacinas e Cartão do Cidadão/ Bilhete de Identidade.         
  • Passaporte com validade superior a 9 meses e com 2 folhas seguidas, em fundo brando e sem óculos escuros (Salvo por recomendação medica comprovada)
  • Duas (2) fotografias tipo passe, coloridas, atuais, originais, em fundo branco e sem óculos escuros (Salvo por recomendação médica comprovada);
                  -  Não levem fotografias em papel, isto é, se as imprimirem que seja em papel próprio, de fotografia. Assisti à recusa de vários processos devido a isso. Caso surja alguma complicação, existe uma casa de fotografia na zona (também tiram fotocópias/imprimem documentos); tentem perguntar aos funcionários, alguns conhecem.
  • Comprovativo de condições de alojamento (confirmação de reserva no hotel ou noutro tipo de alojamento);
                  - Aqui está um ponto que aprendi a contornar com esta experiência. Se a pessoa que realizar a Carta Convite explicitar que ficarão alojados em sua casa, não precisam deste comprovativo.
  • Comprovativo de Meios de Subsistência, equivalentes a USD 200,00 por cada dia de permanência em território angolano (este valor deve ser comprovado através do extrato bancário, autenticado com o selo branco ou com carimbo a óleo, da despectiva instituição bancária);
                 - Outro ponto que provoca imensa ansiedade quando o lê-mos (se estou a emigrar é porque não tenho uma conta super recheada!) e cuja fácil resolução é tão pouco divulgada. Basicamente basta constar na Carta Convite, de forma bem clara, que o residente assegurará o pagamento das diversas despesas inerentes à vossa estadia. Muito mais simples!!!
  • Fotocópia das páginas principais do Passaporte e das páginas que contenham informações referentes ao movimento migratório;
  • Fotocópia do print da reserva da passagem para a República de Angola, com retorno; 
  • Carta Convite subscrita por residente em Angola com assinatura reconhecida no Notário ou por Instituição/Empresa registada em Angola, devidamente assinada e carimbada em papel timbrado, incluindo o documento de identificação o do seu subscritor (BI angolano, cópia do Visto válido ou cartão de residente), contendo o motivo e duração da estadia, apresentada no ato de entrega da documentação e enviada para o Consulado de Angola;
                   - Resumindo, após escrever a Carta Convite, o residente dever-se-á dirigir ao Notário para que a assinatura seja reconhecida (Atenção: no Notário terão de colocar um carimbo na carta! Ao meu sogro disseram não ser necessário, que já não se usava, o que resultou numa viagem ao Consulado em vão, porque é mesmo obrigatório!). Após este processo, o residente poderá enviar-vos o próprio documento por correio ou uma digitalização do mesmo, por e-mail. Além disso, deverá também enviar-vos uma cópia do seu B.I angolano, cópia do Visto válido ou cartão de residente, que será apresentada em conjunto com a carta.
  • Registo criminal visado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
                   - Após obterem o registo criminal (custa 5 euros e é emitido no momento), dirigem-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros (Jardim das Necessidades), onde pagarão mais 5 euros para que carimbem o documento; este ser-vos-á reentregue no momento. O horário de atendimento é das 9h às 12:30h e das 14h às 16:30h, todos os dias úteis.
           
Depois de reunirem a papelada toda, segue-se a próxima etapa - ir ao Consulado. Mas antes disso, aproveitem para celebrar a vossa persistência, por resistirem a um processo tão burocrático, cansativo e dispendioso. Vocês merecem! Parabéns para nós, que escalamos montanhas aparentemente inatingíveis, em busca de um futuro risonho do outro lado.

sábado, 8 de março de 2014

What's your flavour? - Versão Visto


Para quem não conhece, "What's your flavour" (na música original flavour é designado por flava) é uma música do cantor Craig David, alusiva à escolha de raparigas, de acordo com as suas características. Decidi repescar este conceito, por tão bem traduzir o processo pelo qual passará na escolha de o Visto.

Primeiramente, terá de conhecer os diversos tipos de Visto e explorar qual a melhor versão/sabor para si. O site oficial do Consulado Geral de Angola (http://www.consuladogeral-angola.pt/?page_id=437) oferece uma lista de Vistos (clicar em "Serviços", e de seguida "Vistos"),  sem que no entanto explicite as situações a que cada um se adequa. Assim, passo a explicar as características situacionais inerentes à escolha de determinado Visto, focando os mais comuns.

  • Visto Ordinário - Este visto é concedido por razões de prospeção de negócios. Tem o custo de 120,60€ (cento e vinte euros e sessenta cêntimos), pagos no momento de entrada do processo), e demorará 8 dias úteis a ser emitido. No caso de o processo se encontrar completo em menos de 8 dias, poderá levantar o visto mediante o pagamento de uma taxa de 120,00€. Este visto deverá ser utilizado 60 dias após a sua concessão e é válido por 30 dias de estadia em Angola, prorrogável duas vezes por igual período de tempo.
  • Visto de Turismo -Este visto é concedido por razões de carácter recreativo, desportivo, cultural, turismo ou familiar (dica: ainda que não permita a execução de atividade profissional remunerada, não impede o processo de procura, isto é, entregar CV, comparecer em entrevistas, etc.). Tem o custo de 90,60€ (noventa euros e sessenta cêntimos), pagos no momento de entrada do processo, e demorará 8 dias úteis a ser emitido. No caso de o processo se encontrar completo em menos de 8 dias, poderá levantar o visto mediante o pagamento de uma taxa de 90,00€. Este visto deverá ser utilizado 60 dias após a sua concessão e é válido por 30 dias de estadia em Angola, prorrogável uma vez por igual período de tempo.
  •  Visto de Fixação e Residência - Não existe propriamente um propósito específico subjacente a este visto, contudo a melhor forma de o apresentar seria indicando que se trata de o visto que a maioria de nós almeja, por, na impossibilidade imediata de obter a dupla cidadania, permitir uma estadia prolongada e execução de atividade profissional remunerada. O facto de nem todos o poderem requerer prende-se com um dos critérios inerentes à sua obtenção: comprovar a existência de relações familiares com cidadãos nacionais ou estrangeiros, legalmente residentes no país. Entenda-se por relações familiares a relação com o cônjuge e/ou com os filhos (sim, os vossos pais e restantes familiares não fazem parte das vossas relações familiares! No meu caso, a minha tia, irmã da minha mãe, tem nacionalidade angolana, mas infelizmente, segundo esta política, não pertence à minha família).  Este visto tem o custo de 400,60€ (quatrocentos euros e sessenta cêntimos), pagos no momento de entrada do processo, e demorará 30 dias úteis a ser emitido; deverá ser utilizado 60 dias após a sua concessão e é válido por 120 dias de estadia em Angola, prorrogável por igual período de tempo até se obter a resposta ao pedido de autorização de residência.
  • Visto de Trabalho - A obtenção deste Visto implica, impreterivelmente, que previamente se disponha de um contrato de trabalho com determinada entidade em Angola. Deste modo, para a receção do processo são exigidos alguns documentos que façam prova disso, como uma carta da entidade contratante a solicitar o visto à Missão Consular de Angola, o contrato de trabalho, entre outros. Este visto tem o custo de 400,60€ (quatrocentos euros e sessenta cêntimos), pagos no momento de entrada do processo, e demorará 30 dias úteis a ser emitido.  Deverá ser utilizado 60 dias após a sua concessão e é válido por 1 ano de estadia em Angola, prorrogável duas vezes por igual período de tempo. Do que tive oportunidade de compreender, este visto é menos vantajoso que o visto de fixação e residência por implicar uma estadia menos prolongada e mais burocrática. Além disso, entende maiores custos para a entidade contratante, uma vez que terão de tratar da maior parte do processo, das sucessivas renovações, e providenciar algumas condições ao trabalhador (e.g., pagar a viagem, atribuir uma viatura, etc.). Tudo isto naturalmente obstaculiza a sua obtenção, sendo que atualmente, pelo que me foi transmitido por alguns nacionais, as empresas só se encontram disponíveis para iniciar este processo em casos pontuais, como será o dos profissionais que durante longos anos desempenharam funções superiores em empresas de renome.

Inicialmente é demasiada informação e é natural que se sinta algo confuso(a)/perdido(a), sem saber exatamente por onde começar. Todavia, como em tudo na vida, adaptamo-nos; estou certa que rapidamente entrará na engrenagem. 

Sintam-se confortáveis para colocar as vossas questões (eu também ainda as tenho) e para partilhar a vossa experiência. Juntos aprendemos melhor e mais depressa.

Espero que este post tenha sido esclarecedor! Muita força!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Para os que ficam...


Emigrar é uma decisão difícil, contudo alicerça-se nalgum controle, mesmo que o sintamos (quase) como uma obrigação. Nesta sequência, por vezes ficar poderá ser perspetivado como mais doloroso, pois, por vezes, pressupõe um papel mais passivo, em que apenas resta (com muita dor camuflada) apoiar e aceitar a partida do outro.

Atualmente existem diversos meios que permitem que as distâncias se encurtem, que os corações se aproximem, e que ainda se consiga sentir a "essência" de quem amamos. Obviamente, a via mais abrangente é a internet, envolve imagem, som, escrita, praticamente o que desejarmos. No entanto, Angola apresenta algumas limitações... A maior parte das zonas apanha mal internet, além de ser um serviço caríssimo (40 dólares por alguns megabytes). A solução, pelo menos a que eu e o meu namorado adoptamos, é combinar a internet e o telefone, isto é, falamos algumas vezes através do Viber, mais esporadicamente pelo Skype (a imagem consome bastante o tráfego disponível), e quando não existe acesso à internet falamos por telefone. A alternativa mais fácil é ligarmos de cá (Portugal) para Angola. O mercado apresenta algumas alternativas, resta saber a que melhor se adapta a vocês. Os preços mais reduzidos são os da Lyca mobile (http://www.lycamobile.pt/por/) e da PT Hello (http://www.meo.pt/telefone/tarifarios/cartoes-hello/cartoes). Os cartões da Lyca implicam que tenham um telemóvel disponível ou que peçam a portabilidade do vosso número para um desses cartões (não tenho a certeza sobre esta possibilidade), ao passo que os últimos dependem da existência de uma rede fixa da qual possam ligar.

Outra possibilidade, à velha guarda mas extremamente romântica, consiste em irem averiguando quem irá em breve para Angola e enviarem gradualmente o que pretendem, e aqui estamos a falar de bens materiais e de miminhos, como cartas. Aos poucos adaptam-se a esta situação e conseguem ir enviando o que pretendem. Até se torna engraçada a expetativa de quando é que o outro receberá as "encomendas" e como irá reagir.

Mantenham-se optimistas: se a relação sobreviver a isto, sobrevive a quase tudo! Lembrem-se que são estas fases, nas quais nos testam, que aprofundamos sentimentos e nos unimos verdadeiramente.

Pare, pense e motive-se


Em primeiro lugar, seja bem-vindo(a)!

Provavelmente se está a ler isto encontra-se numa destas situações: a) possui um ente querido que irá viajar (ou já viajou) para Angola; b) pondera emigrar para Angola. Neste momento encontro-me em ambas as situações, pelo que certamente poderei dar "uma mãozinha".

Primeiramente, irei debruçar-me sobre os que pretendem ir. A primeira pergunta que emerge é extremamente simples mas irá condicionar todo o seu percurso: Quão motivado está para emigrar? Sente-se calmamente e reflita bastante antes de responder. Idealmente, aponte por escrito as motivações que encontrar, esta lista será extremamente importante ao longo do processo (acredite!).
Certamente estará intrigado com a pertinência deste ponto. Porquê falar na motivação? Porque não vamos logo diretos ao assunto e nos focamos nos passos a seguir? Pois bem, é uma dúvida legítima! Infelizmente, será necessário um nível de motivação elevadíssima para superar os obstáculos que se avizinham. Serão inúmeros mas passíveis de se contornar, para isso deverá relembrar-se constantemente do objetivo final; estabeleça-o, repita-o, visione-o e volte a repeti-lo!

 Existem ainda alguns pontos que devemos esclarecer. Se está exclusivamente motivado porque pretende auxiliar a sua família, liberta-los economicamente ou porque não vê futuro no seu país, atenção! Isso não é suficiente! Estas motivações externas (dependentes do exterior), ainda que se tratem de motivações, rapidamente serão abaladas. O que realmente precisa é que estas se interiorizem, passem a fazer parte de si, reconheça a sua importância para o seu desenvolvimento pessoal. Deste modo, estará a construir um forte que sofrerá diversos ataques, mas permanecerá hirto, pois foi sabiamente construído por si.

Após este processo, estará pronto para a batalha, antecipe obstáculos seguido de obstáculos. Lembre-se que deseja ir para um país que ainda se ergue dos escombros, após vários anos em guerra. Ajuste as expetativas e prepare-se para a morosidade do processo, é natural que assim seja, não desespere! E assim, com a fita na cabeça e dois riscos de tinta em cada bochecha, está pronto!

Mantenha-se firme pois, como diz o ditado, depois da tempestade vem a bonança, e o seu navio ainda agora abandonou o cais.

Todos a bordo, a viagem vai começar!!!