domingo, 2 de fevereiro de 2014

Para os que ficam...


Emigrar é uma decisão difícil, contudo alicerça-se nalgum controle, mesmo que o sintamos (quase) como uma obrigação. Nesta sequência, por vezes ficar poderá ser perspetivado como mais doloroso, pois, por vezes, pressupõe um papel mais passivo, em que apenas resta (com muita dor camuflada) apoiar e aceitar a partida do outro.

Atualmente existem diversos meios que permitem que as distâncias se encurtem, que os corações se aproximem, e que ainda se consiga sentir a "essência" de quem amamos. Obviamente, a via mais abrangente é a internet, envolve imagem, som, escrita, praticamente o que desejarmos. No entanto, Angola apresenta algumas limitações... A maior parte das zonas apanha mal internet, além de ser um serviço caríssimo (40 dólares por alguns megabytes). A solução, pelo menos a que eu e o meu namorado adoptamos, é combinar a internet e o telefone, isto é, falamos algumas vezes através do Viber, mais esporadicamente pelo Skype (a imagem consome bastante o tráfego disponível), e quando não existe acesso à internet falamos por telefone. A alternativa mais fácil é ligarmos de cá (Portugal) para Angola. O mercado apresenta algumas alternativas, resta saber a que melhor se adapta a vocês. Os preços mais reduzidos são os da Lyca mobile (http://www.lycamobile.pt/por/) e da PT Hello (http://www.meo.pt/telefone/tarifarios/cartoes-hello/cartoes). Os cartões da Lyca implicam que tenham um telemóvel disponível ou que peçam a portabilidade do vosso número para um desses cartões (não tenho a certeza sobre esta possibilidade), ao passo que os últimos dependem da existência de uma rede fixa da qual possam ligar.

Outra possibilidade, à velha guarda mas extremamente romântica, consiste em irem averiguando quem irá em breve para Angola e enviarem gradualmente o que pretendem, e aqui estamos a falar de bens materiais e de miminhos, como cartas. Aos poucos adaptam-se a esta situação e conseguem ir enviando o que pretendem. Até se torna engraçada a expetativa de quando é que o outro receberá as "encomendas" e como irá reagir.

Mantenham-se optimistas: se a relação sobreviver a isto, sobrevive a quase tudo! Lembrem-se que são estas fases, nas quais nos testam, que aprofundamos sentimentos e nos unimos verdadeiramente.

Pare, pense e motive-se


Em primeiro lugar, seja bem-vindo(a)!

Provavelmente se está a ler isto encontra-se numa destas situações: a) possui um ente querido que irá viajar (ou já viajou) para Angola; b) pondera emigrar para Angola. Neste momento encontro-me em ambas as situações, pelo que certamente poderei dar "uma mãozinha".

Primeiramente, irei debruçar-me sobre os que pretendem ir. A primeira pergunta que emerge é extremamente simples mas irá condicionar todo o seu percurso: Quão motivado está para emigrar? Sente-se calmamente e reflita bastante antes de responder. Idealmente, aponte por escrito as motivações que encontrar, esta lista será extremamente importante ao longo do processo (acredite!).
Certamente estará intrigado com a pertinência deste ponto. Porquê falar na motivação? Porque não vamos logo diretos ao assunto e nos focamos nos passos a seguir? Pois bem, é uma dúvida legítima! Infelizmente, será necessário um nível de motivação elevadíssima para superar os obstáculos que se avizinham. Serão inúmeros mas passíveis de se contornar, para isso deverá relembrar-se constantemente do objetivo final; estabeleça-o, repita-o, visione-o e volte a repeti-lo!

 Existem ainda alguns pontos que devemos esclarecer. Se está exclusivamente motivado porque pretende auxiliar a sua família, liberta-los economicamente ou porque não vê futuro no seu país, atenção! Isso não é suficiente! Estas motivações externas (dependentes do exterior), ainda que se tratem de motivações, rapidamente serão abaladas. O que realmente precisa é que estas se interiorizem, passem a fazer parte de si, reconheça a sua importância para o seu desenvolvimento pessoal. Deste modo, estará a construir um forte que sofrerá diversos ataques, mas permanecerá hirto, pois foi sabiamente construído por si.

Após este processo, estará pronto para a batalha, antecipe obstáculos seguido de obstáculos. Lembre-se que deseja ir para um país que ainda se ergue dos escombros, após vários anos em guerra. Ajuste as expetativas e prepare-se para a morosidade do processo, é natural que assim seja, não desespere! E assim, com a fita na cabeça e dois riscos de tinta em cada bochecha, está pronto!

Mantenha-se firme pois, como diz o ditado, depois da tempestade vem a bonança, e o seu navio ainda agora abandonou o cais.

Todos a bordo, a viagem vai começar!!!